O DIA EM QUE ESQUECERAM DO MENINO QUE FAZ ANIVERSÁRIO

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Imagem: Redbubble

Quem viveu sua infância ou adolescência na última década do século passado certamente não desconhece a obra cinematográfica lançada no dia 21 de dezembro de 1990 aqui no Brasil, Esqueceram de mim (Home Alone, nos EUA), dirigido por Chris Columbus e estrelado por Macaulay Culkin. Na trama, Culkin interpreta Kevin, uma criança de 8 anos querida pela família McCallister. Todos estão prontos para pegar o voo rumo a Paris em plena época de Natal no dia seguinte. Porém, em mais uma situação corriqueira de família, Kevin se irrita e vai dormir de cabeça quente, chegando a desejar não ter mais família. Até aqui tudo bem, pelo menos para um menino de 8 anos. Mas o que pode compreender sobre família uma criança de apenas 8 anos? O problema é que no dia seguinte todos se preparam para a tão sonhada viagem de férias e esquecem literalmente do caçula que foi posto de castigo no sótão. É só mais um filme tentando introduzir no mundo a cultura norte americana de um Natal divertido com muito amor, neve, presentes e a grande descoberta (como se ninguém já o soubesse) que a família, embora possua problemas, precisa caminhar unida, desde que haja uma garrafa de refrigerante de Cola bem no meio da mesa. E a propaganda enganosa alimenta com a sua ave sadia e suculenta os esfomeados pelo consumo e pelo Natal hipócrita. Um ano inteiro mal socializado com as pessoas mais próximas e justo numa data bastante comercial e recheada do molho branco da discórdia, as pessoas resolvem suar hipocrisia. Isso é deveras complicado, uma situação semelhante ao cheiro desagradável de um assado que passou do ponto.

O problema é que por muito tempo achamos que o Natal se resume a qualquer coisa, exceto Jesus. Lembro-me que na primeira vez que vi o filme, acho que tinha a mesma idade de Kevin, e por muito tempo imaginei um Natal assim. Sempre íamos à igreja, sempre tinha uma cantata, sempre havia uma reflexão sobre Jesus, mas também sempre havia a confusão em minha mente de oito anos do que seria realmente o Natal. De repente, já no final da minha adolescência, li uma charge que ilustrava Jesus ressurreto à destra do Pai chorando em seu peito dizendo: “Esqueceram de mim!” Imediatamente uma lágrima desceu em meu rosto e percebi como a Igreja tem se deixado levar pelos costumes midiáticos, se deixado viajar em seus meios de transportes lotados de pragmatismo e sonsice com suas famílias e esquecido do nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo em favor dos seus escolhidos para nutrir suas malditas metas de marketing.

A marca de refrigerante mais famosa do mundo se aproveitou da linda história de São Nicolau, revestiu de um manto vermelho e contornos brancos, um grande saco cheio de esperança, acrescentou a neve das terras geladas da Escandinávia e literalmente atribuiu todo o amor possível a alguém que certamente nem aceitaria tal honra. Eu não estou sendo chato, fundamentalista ou insuportável, a não ser que a sua recepção a este texto seja de muita imaturidade, intolerância ou burrice mesmo. Aqui eu trato da ideia de que pensar se árvore de Natal, se as luzes, se o bom velhinho ou se a mesa farta é coisa de crente ou não trata-se de uma tremenda atitude apedeuta. Véspera da véspera de Natal significa correr para comprar os últimos detalhes para a Ceia, significa finalizar a decoração da sala de jantar, significa treinar o sorriso para as fotos, tem a ver com escolher meio mundo de hashtags, publicar cores e felicidades (se verdadeiras ou não ninguém sabe). Enquanto isso, esqueceram de Jesus. E por quê? Simples: quem pela cruz passou não atrai comércio, mas resgata o pecador, mostra a vergonha que é estar longe de Deus e o recoloca nos braços do Pai. Sanidade mínima é o que deve provocar-nos à seguinte pergunta: Há algo mais importante do que enaltecer o aniversariante do Natal, Jesus Cristo?

O Prolífico.

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