COMO SERÁ A IGREJA PÓS-PANDEMIA?

0
Imagem: Ciol

Eu tenho certeza que este momento em que vivemos em pleno 2020 ficará marcado na história de uma forma distinta. A geração atual está vivendo algo bastante específico, coisa de filme, uma experiência apenas lida nos livros de história, vista em fotos de jornais antigos e refletida de forma interessante. Imagine que a pior coisa disso tudo nem é o vírus em si que se espalha de forma rápida e contamina inúmeras pessoas pelo mundo (pelo menos até aqui), mas o estrago que ele causa na sociedade nos quatro cantos da terra, especialmente na economia. Imagine como estão as pessoas pobres que sempre viveram abraçadas à inanição, e que agora até os que sempre tiveram a dispensa abastecida correm o risco de não ter como reabastecê-las. Imagine que este problema pandêmico não se limita a uma ou a algumas nações, a um grupo específico ou uma raça em particular, tampouco à Igreja de Cristo. Indiscutivelmente, todos, sem exceção, participam da mesma dor e sofrimento, dadas as devidas proporções. Contudo, talvez alguém questione a respeito dos governantes e seus aliados, por exemplo, se, de fato, eles estão inseridos neste sofrimento, haja vista que quase todos parecem estar envolvidos cada vez mais na corrupção, aproveitando-se do estado emergencial para abastarem-se ainda mais de lucros indevidos. Para isso, penso que, embora pareçam imunes tanto ao vírus quanto às suas consequências, mais cedo ou mais tarde, tais governantes, políticos corruptos em geral e qualquer ser humano que seja malicioso a aproveitador do sofrimento alheio dará contas de suas atrocidades, e nem menciono o terrível Dia do Senhor, mas apenas a própria vida, que um dia acaba colhendo os males antes semeados. Eu fico a pensar como serão as pessoas depois de tudo isso, como serão as políticas das nações, se mudarão ou evoluirão alguma lei, se a ética mundial terá uma postura mais humana ou se as pessoas serão mais humanas. Particularmente acredito, com tristeza, que o ser humano terá uma reação imediata de compaixão, em termos gerais, mas que logo terá a sua natureza pecaminosa posta novamente a frente de tudo num curto espaço de tempo. No entanto, a grande pergunta que desejo compreender é: Como será a Igreja do Senhor pós-pandemia?

1. Uma igreja mais fervorosa ou mais "interneteira"? Eu penso sinceramente que a igreja tomará um rumo um tanto ambíguo. Mas, para que você entenda o que eu quero dizer, é necessário perceber que eu falo de "igreja" de uma forma geral, tendo em mente que nela ainda há trigo e joio, isto é, cristãos e psuedo-cristãos. Diante disso, é fato que teremos uma igreja mais fervorosa sim, mas também uma igreja mais "interneteira"... sim. Do lado dos mais fervorosos teremos os que buscarão com sinceridade a Deus e a sua Palavra, a fim de exaltá-lo, edificar pessoas e aguardar a sua vinda, extremamente agradecidos a Deus porque agora sim é possível congregar. Entretanto, do lado dos "interneteiros", infelizmente teremos os que continuarão apenas em casa alimentando-se de enlatados e suas gorduras saturadas, na maioria das vezes com a validade vencida, discutindo sem o mínimo conhecimento possível sobre qualquer tema bíblico-teológico nas postagens de mestres biblicistas ou de falsos profetas, pregando o amor e a solidariedade contrapostos à justiça divina, mas entrelaçados ao antropocentrismo, o discurso do não ao preconceito e a estridente defesa do "eu sou livre", mas continuarão vazios da presença do Senhor, da Palavra da Verdade e longe da Casa do Altíssimo. Entretanto, é necessário que tudo isso aconteça antes que o Senhor venha buscar o seu povo. Cuidado com o que você prega, canta, curte, compartilha e defende com unhas e dentes, porque você pode estar defendendo algo completamente fora da Palavra de Deus, mesmo que seja romântico. Lembre-se: uma Bíblia nova, cheirosa e com suas páginas com bordas douradas e ainda coladas não servem para nada, mas uma quase sem capa, rabiscada, desgastada e com cheiro de marca-texto demonstra o zelo de quem a manuseia, salvo raríssimas exceções.

2. Uma igreja mais polida ou mais poluída? Não é muito difícil imaginar uma igreja mais polida depois de uma pandemia tão severa. Isso porque a igreja tem a oportunidade de, apesar dos males, crescer mais em Deus e em sua Palavra de inúmeras formas. Com certeza todos têm mais tempo de buscar a Deus num propósito inicial de pedir a favor do fim dessa pandemia, como também de clamar a Deus por misericórdia da sua Igreja que ainda está neste mundo. Há muito mais tempo agora, embora não seja possível congregar por enquanto, de analisar as Sagradas Escrituras com mais afinco e prazer. Que tal tentar entender na Bíblia o porquê de Deus permitir tal sofrimento? Por que não dedicar mais tempo de joelhos fortalecendo a relação de intimidade com o Pai? A pessoalidade de cada eleito do Senhor em buscá-lo a partir do seu lar agora está mais favorável, e é inegável a possibilidade disso. Penso também que a Igreja se tornará mais polida no sentido denominacional, seja ela de qual denominação for, repensando algumas diretrizes estatutárias, tradicionais ao extremo e/ou administrativas: será que, com efeito, precisamos ser tão rígidos com questões meramente super tradicionais, dogmáticas ou extrabíblicas? Será que há necessidade mesmo em ser tão liberal a ponto de confundir entretenimento com prestação de culto a Deus? A função da igreja como um todo é facilitar a obra redentora de Cristo, a atuação do Espírito Santo e a governabilidade do Deus soberano sobre tudo e todos, especialmente dos seus. Em contrapartida, do outro lado (o joio) teremos uma igreja um pouco mais poluída, a beira da apostasia como deixaram claro Jesus e os Apóstolos: uma turma que discursará a mensagem dos desigrejados, alegando a desnecessidade, ou pior, a aversão intensa do templo, uma vez que foram mal acostumados com as transmissões dos louvores e sermões pela internet. Não subestimemos estes dias maus, dias em que grupos surgirão em nosso meio procurando mestres segundo as suas próprias cobiças, apenas comprovando que não suportarão a sã doutrina. Infelizmente isso também precisa acontecer antes da volta de Cristo.

3. Uma igreja mais santa ou mais mundana? Há quem se incomode e sinta coceira nos ouvidos quando ouvem o termo "mundano". Mas, pense comigo: estar no mundo significa ser mundano? Bem, é claro que não! Ora, só o fato de separar as coisas com o termo "secular" já é um erro teológico grosseiro, uma vez que "secular" não se separa de "cristão". A minha vida secular continua sendo uma vida cristã, pois a palavra em questão é relacionada a coisas que eu faço fora do ambiente eclesiástico, como por exemplo, compras, trânsito e trabalho (no caso de não ser na igreja), ou seja, eu sou cristão fazendo compras, dirigindo e trabalhando, dentre outras coisas, mas continuo sendo santo. A propósito, quero deixar claro aqui o que significa ser santo biblicamente, para não causar uma impressão errada de quem lê. Ser santo nada tem a ver com ser perfeito, mas sim ser separado por Deus para o propósito dele em nos eleger para a sua eternidade, o que nos põe a responsabilidade de sermos éticos, representantes do Reino e, por consequência, praticantes e defensores da Lei do Senhor onde estivermos, acima de qualquer estatuto, regime interno ou contrato, respeitando suas devidas importâncias, mas nunca pondo-os acima da Palavra de Deus, e tenho certeza que, qualquer que seja o lugar onde estivermos ainda será o planeta terra, por isso, insisto: no mundo sim, mundana jamais.

Diante do exposto, apesar destes questionamentos em nada confortáveis acerca da igreja pós-pandemia, insisto em afirmar que a Igreja do Senhor estará mais preparada para a volta de Cristo. A certeza disso não está em minhas meras palavras, mas no discurso do próprio Cristo aos seus discípulos: "As portas do inferno não prevalecerão contra a minha igreja!" (Mt 16.18).

O Prolífico.

Postar um comentário

0 Comentários
Postar um comentário (0)
To Top