POR CAUSA DO NOVO CORONAVÍRUS, É POSSÍVEL CONGREGAR?

0
Imagem: R7.

É fato que muitas situações que vivemos em nossos dias um dia já aconteceu, de forma idêntica ou semelhante. O que muda é apenas o contexto. O movimento feminista, por exemplo, pode parecer novidade atualmente, contudo, há pelo menos dois séculos que a discussão sobre gêneros ocorre. A contestação quanto a opção sexual, da qual não se diz mais "sexo", e sim "gênero", decorre desde que se entende por humanidade. Se pensarmos acerca do homossexualismo (desculpe, OMS), a Bíblia relata com clareza o episódio de Sodoma e Gomorra, em que a probabilidade de atos sexuais explícitos e desordenados desde o surgimento do pecado é evidente. Inclusive, é por causa de Sodoma que mais tarde surge o termo "sodomia" para expor o sexo anal entre homens. Ora, se considerarmos que o homem, ao desobedecer a Deus, imputou em si mesmo uma natureza pecaminosa e, com isso, a tendência de sempre desejar o mal, entende-se que, dentre outros delitos, a prática homossexual existe desde então. O problema da violência, igualmente, tem origem na pós-Queda. A desobediência dos filhos para com os seus pais vem de longuíssima data. A corrupção política existe desde que se vê na história líderes e liderados, sejam entre nações, grupos familiares ou reuniões menores. O que ocorre, de fato, com as situações que vivemos em nossos dias é que a linha temporal das coisas acontece num espaço entre gerações, assim, para os mais jovens, principalmente, a impressão de que nunca vivemos isso ou aquilo é real. Se o Brasil voltasse a viver sob governo militar, os que nasceram no final dos anos 1980 iriam viver algo novo, por exemplo. Muitos nem sabem o que é "Ipkissia mascarose". Há alguns anos eu ouvia a maioria das pessoas comentar que nunca se viu tanta militância sobre ideologia de gênero. Semelhantemente, ouvia sobre a questão do ativismo feminista: "Por que as pessoas querem destruir valores familiares?", diziam.

O ano de 2018 foi um dos que mais marcaram a juventude cristã no Brasil. A disputa entre a permanência da esquerda política na presidência do nosso país e a tentativa da direita de reassumir depois de quase duas décadas dividiu a Igreja ideologicamente. O social e humano lutou contra o tradicional e eclesiástico. A Bíblia foi posta de lado e os pastores tiveram muito trabalho, embora alguns tenham escolhido um lado e abandonado as Escrituras. Nunca se viu uma força juvenil desperdiçar tanta energia nas mídias sociais, nos grupos de WhatsApp da igreja, nas assembleias solenes e na família. Alguns diziam que Cristo estava às portas porque nunca imaginariam ver o furor jovial deixar a Bíblia de lado nas EBDs para flamejar vidas defendendo a todo custo uma esquerda e uma direita. A direita, então, vence as eleições e a nação segue a sua vida com dois "Brasis", inclusive (e infelizmente) dentro da Igreja. A única divisão que a Bíblia fala de pessoas dentro da Igreja do Senhor até que ele venha são os cristãos e os anticristos, o trigo e o joio, e isso é muito triste. Então, 2020 chega, e com ele, o tal do Coronavírus (Covid-19). E agora? O que muda dentro da Igreja? Em primeiro lugar, o que realmente faz a diferença nos dias atuais em relação ao passado quanto às discussões a nível mundial sobre qualquer tema e a velocidade com que alguns atingem o patamar de febre é a internet, e além disso, as redes sociais. Não existia globalização na época de Sodoma e Gomorra. Não existia fibra ótica quando alguns Faraós abusavam do poder. Não existia Wi-Fi para viralizar uma atitude corrupta de algum César, tampouco WhatsApp para denunciar os muitos falsos cristãos disseminando horrores em púlpitos universais. Em segundo lugar, não haviam leis que beneficiassem a todos, governantes e povo, mas apenas aos governantes, não que isso queira dizer que as leis de hoje são perfeitas, mas pelo menos são regidas para todos (se aplicadas ou não, isso não vem ao caso). O direito de ir e vir era quase nulo. Se você fosse mulher, negro, pobre ou de alguma determinada religião ou localidade, por exemplo, as leis eram mais específicas e severas. Em terceiro lugar, a sensação de morar numa caixa dentro de um lugar deserto e sem expectativa continental era notório. Quem poderia imaginar que o mundo era muito mais do que a região da antiga Europa e arredores? Até pouco mais de um século atrás, embora tivéssemos a ideia de mundo e continentes, não existia a rapidez de informação como a dos últimos 10 anos. Isso faz toda a diferença. No entanto, nada do que vivemos hoje é novidade. Até que o Senhor venha, leve a sua Igreja, traga um novo céu e uma nova terra, e reine definitivamente, a corrupção humana precisa achar que está reinando. Diante do exposto, como fica a Igreja? E agora? O que muda?

1. Não é possível congregar, por enquanto: Você pode encher os pulmões e esbravejar dizendo que é possível sim congregar porque temos a tecnologia que nos oferece a oportunidade de transmitir os cultos. Bem, isso é muito importante e deve ser mantido, por enquanto, mas... não, não podemos congregar, e se você esboçou a ideia de esbravejar como eu disse, você não sabe nem onde está pisando. Para compreendermos isso, a resposta está na palavra "congregar", que no original hebraico significa "lugar designado" (hb. "mo'ed"), neste caso, para adoração a Deus. Assim, se o conceito de congregar vem de um lugar designado para culto a Deus, este lugar não pode ser a casa do povo de Deus onde todos o adoram de forma dispersa, isso é adoração pessoal. O termo em questão nos mostra que há um lugar designado para tal, e este lugar não é outro senão a Casa de Deus. A Igreja, portanto, neste período de quarentena, deve manter-se de joelhos, com a Bíblia aberta, em jejum e lamento pela distância da Casa de Deus, ansiosa para que tudo passe logo e voltemos rápida e calorosamente para o redil do Bom e Sumo Pastor.

2. Não é possível cear: É isso mesmo o que você leu. A lógica bíblica não falha. Se não é possível congregar adorando a Deus por meio de uma live pelo fato já dito acima, o ato da Ceia do Senhor torna-se impossível. A origem da palavra "ceia" vem do grego "deipneo", que significa literalmente "um banquete". Ora, a instituição da Ceia do Senhor pelo próprio Senhor ocorreu numa mesa com seus discípulos onde todos compartilharam da mesma fatia de pão e do mesmo cálice de vinho. Imagine o cheiro das pessoas ali, o som da respiração de cada um (inclusive a de Cristo), o silêncio enquanto mastigavam e saboreavam o vinho. Pense no aroma fermentado do melhor vinho, imagine todos se olhando e tentando fitar suas mentes no sentido e na clareza da mensagem do Cristo ali com eles. Francamente, nada disso é possível realizar através de uma live. Contudo, a Igreja do Senhor deve manter-se de joelhos, com a Bíblia aberta, em jejum e lamento pela distância da Casa de Deus, ansiosa para que tudo passe logo e voltemos rápida e calorosamente para o redil do Bom e Sumo Pastor... à mesa... congregados.

3. Ainda é possível buscar a Deus, e agora com tudo: Dito isto, resta-nos aceitar a verdade bíblica e compreender o que isso importa para nós, que estejamos em quarentena e totalmente sem desculpas para gastarmos mais tempo sob lágrimas aos pés de Cristo, com a Bíblia aberta, clamando por misericórdia, cura e graça, além de estarmos juntos novamente o quanto antes, na sua Casa, ao redor da sua Mesa, exaltando a sua morte, a sua ressurreição e a sua coroação, porque ele é soberano, o Cristo, o filho do Deus vivo.

O Prolífico.

Postar um comentário

0 Comentários
Postar um comentário (0)
To Top