QUANDO A "IGREJA" TEM MEDO DO SEU PASTOR?

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Imagem: Google.

Com certeza os tempos em que nós estamos vivendo têm sido, de certos ângulos, esquisitos. Olhando a partir da história da Igreja, há muito o que motiva o franzir da testa e o levantar de uma das sobrancelhas. Das práticas mais fascinantes que sinto falta nos dias atuais é a análise investigativa das Escrituras e o bate-papo bíblico-teológico sadio, inteligente e edificante entre os pastores e suas ovelhas, quebrando tabus, mas não o respeito, dissolvendo prisões racionais, emocionais e intelectuais, mas não a reverência tanto ao próprio pastor quanto à Deus. Do contrário o que se vê é a onda coaching, nada mais do que uma nova roupagem para a mensagem de autoajuda, positivista (só vitória, nada de sofrimento) e antropocêntrica, uma pregação na maioria das vezes meramente sentimental ou simplesmente "Ctrl+C e Ctrl+V" de alguém em algum lugar, site, canal do YouTube, livro de autoajuda (essa palavrinha de novo), blog, podcast, rádio, TV, etc. Igrejas sem pastor oficial e muitos "pastores" sem nenhum chamado ministerial para tal, onde cada um prega qualquer coisa, preenche o tempo, a live e o boletim, diz o que é óbvio, mas não o que é verdade absoluta, na maioria, afirmam o que as pessoas querem ouvir, mas não que Deus quer dizer, que leem o Texto (quando leem), saem do Texto e nunca mais voltam para o Texto, que nunca frequentaram um sala de aula teológica, nunca leram Charles Hodge e afins, mas que são casados, pais, empresários ou aposentados, deixam várias ofertas e um dízimo bem gordo e por isso têm espaço para utilizar o púlpito como se fosse um Esdras, que leu, traduziu a explicou a Lei de forma que todos entendessem, ou como se fosse um Paulo, que passou fome, foi surrado, teve sua oração negada por Deus, mas não desistiu de cumprir o seu chamado. Diante do quadro em questão, enumero aqui 4 respostas que explicam porque a Igreja, muitas vezes, tem medo do seu pastor (ou daquele que poderia ser o seu pastor).

1. Quando o pastor é orgulhoso de si mesmo: esse é o típico pastor que a todo tempo faz questão de mostrar quem ele é, o que ele tem, e que somente ele goza de autoridade máxima a partir do seu posto. O pastor que se orgulha de si mesmo raramente (ou nunca) prega a Bíblia. Ele pode até ler a perícope, explicar algumas coisas introdutórias, mas logo em seguida ele vai falar dele mesmo. Citará experiências que ele viveu em outras igrejas, estados, países, com outras famílias, com a própria família. Vai citar os próprios pais, contará piadas, fará o povo rir, quebrará o gelo. Esse tipo de pastor pode parecer não causar medo, porque ele oferece conforto. Contudo, algumas igrejas que enxergam algo de errado num ministério como este desenvolvem justamente medo, não confrontam (no bom sentido, e muitas vezes porque não possuem base bíblicas suficientes para isso), se abraçam à questões somente denominacionais, pondo a própria denominação acima das Escrituras e tornam-se escravas de um líder orgulhoso que, já repetidas e cansadas as suas anedotas nos púlpitos, desgastam cada dia mais o que deveriam ser ovelhas bem alimentadas com as Sagradas Escrituras.

2. Quando o pastor é enérgico administrativamente apenas: esse é o tipo de pastor que constrói um perfil de fachada. Administra como ninguém as finanças da igreja, questões de logísticas, reforma ou construções, lidera organizações, programação, visitas, etc. Entretanto, no ato da sua principal função, expor a Bíblia de forma simples e objetiva, ele atropela tudo. Fala qualquer coisa que não está na Bíblia, cita inúmeros autores, geralmente para exibir sua biblioteca pessoal, ilustra várias vezes num único sermão, pratica eisegese ao invés de exegese, ou seja, põe no Texto o que não existe, quando deveria tirar do Texto o que nele existe para si e para a Igreja, não faz nenhuma diferença se o sermão possui início, meio e fim, dentre muitas outras confusões pastorais. Esse tipo de pastor geralmente causa medo na Igreja porque administra bem, fala bem, é educado, inteligente e chefe, mas não é pastor. Aliás, quem precisa de pastor hoje em dia, não é mesmo? Numa época em que basta que se preencham as lacunas da programação, façam o povo rir e encham os gazofilácios, para quê se preocupar com a exposição fiel da Palavra? No entanto é necessário deixar claro que isso é um grande equívoco, embora a Igreja pareça estar caminhando a passos largos para um cenário totalmente despreocupado com a exposição e prática das Escrituras, mas incrivelmente disposta a preencher programações. O lema desse pessoal é: "Uma igreja viva é uma igreja com uma programação cheia, independente de exposição bíblica." Triste.

3. Quando o pastor é bíblico, porém, medroso: aqui está um tipo de pastor interessante. Diz-se daquele pastor que tem um medinho, mas é bíblico. Bem, encontramos outro equívoco. Se o pastor é medroso, ele não é bíblico. Se o pastor é bíblico, ele não é medroso. Esse é aquele pastor que lê a Bíblia, encontra a o real sentido da mensagem, chora, "briga" com Deus e com a sua mente para que isso não seja exposto no sermão a fim de que a Igreja não se choque. Esse é o tipo de pastor que ouve uma pergunta sincera de uma ovelha, sabe a resposta e não diz, para que a ovelha não se ridicularize. Esse é o tipo de pastor que se assemelha aquele professor de universidade que tem um profundo conhecimento daquilo que maneja, mas que se prende ao passar essas informações com medo de que os alunos arrumem uma confusão. Parece o contrário, mas na verdade a Igreja tem medo desse tipo de pastor, porque, como Igreja do Senhor, ela anseia pela verdade, doa a quem doer.

4. Quando o pastor é bíblico, porém, inegociável: só existe um tipo de pastor que a verdadeira Igreja de Cristo nunca terá medo, a não ser aqueles que estão na Igreja, não fazem parte dela e vivem para causar medo e contenda: o pastor que não negocia a verdade absoluta, isto é, a Bíblia Sagrada. A Igreja que é, de fato, do Senhor, agradece pelas dores que a Lei de Deus lhe causa através do sermão exegeticamente alinhado às Escrituras do seu amado pastor. A Igreja verdadeira dá graças a Deus pelas revelações escritas devidamente descomplicadas no sermão do pastor segundo o coração de Deus que rege-a com responsabilidade, fidelidade, santidade, objetividade, prolificidade e biblicidade. Bendito é o Senhor Deus dos céus e da terra, que ainda nos dá pastores de vergonha, temor e sabedoria, segundo o Seu coração, para nos guiar às Sagradas Escrituras, com dores, mas também com alegrias. Bendito é o nosso Deus que é justo e cobra daqueles líderes fracos, ladrões, mentirosos, descrentes, lobos devoradores. Bendito é o Senhor para todo o sempre!

O Prolífico.

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