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| Imagem: Rafael (?) |
Antigamente falava-se da língua coçar quando alguém desejava incontrolavelmente falar, tivesse conteúdo ou não. Hoje são os dedos por trás do smartphone que coçam a fim de encontrar um lugar nos likes escondidos por detrás de um perfil de rede social geralmente frívolo.
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A geração que vivemos é, sem dúvida, complicada. É necessário nos dias atuais ter que explicar seu ponto de vista apenas para satisfazer o ego com a ideia de que você tem peito para enfrentar qualquer discussão em qualquer tema. Nada tem a ver com a capacidade e a necessidade de discutir, que devem ser levadas em consideração. Eu acho isso interessante porque me faz ver a futilidade do ser humano desde a sua Queda, mas principalmente num tamanho e versão especiais numa época em que ainda estou vivendo. É impressionante ver o indivíduo opinando acerca dos temas atuais sem nem saber onde está pisando, salvo raríssimas exceções. A maioria, na verdade, deseja ter um lugar ao sol no terreno das webcelebridades, alguns criam um perfil comercial sem a devida identificação, copiam e colam conteúdos alheios, traçam estratégias para atrair seguidores e muitos nem chegam perto do que almejavam.
Imagine que você salta de paraquedas, com paraquedas, é claro, mas percebe alguém fazendo a mesma coisa sem paraquedas. Literalmente falando isso não faz sentido, mas para a geração idiotizada de hoje, de alguma forma inimaginável isso faz todo o sentido, sim. É bem simples interpretar isso: você gastou tempo e dinheiro fazendo o curso de paraquedismo durante um período considerável. Aprendeu a tomar todas as precauções antes do primeiro salto, e você sabe que o seu primeiro (e muitos depois deste) não foi sozinho, o seu instrutor foi contigo. Os primeiros ares que você respirou do salto até o chão, por várias vezes, foram apreciados com o seu instrutor às costas, amarrado a você, guiando, instruindo, te dando o prazer de iniciar as práticas das teorias que você viu nas aulas. Você passa por tanta coisa na sua vida, dedica tantos anos aprendendo, guardando, conquistando, etc., e quando recebe a oportunidade de compartilhar o que Deus te deu, e através dos seus esforços, graças a Deus, e de repente vem um estranho, sem paraquedas, do qual você oferece ajuda corrigindo-o NECESSARIAMENTE, e este afirma: "Essa é a tua opinião!" Agora pense na mesma ideia, só que dentro do cristianismo.
Um dia você para e se pergunta: "Como colaborar numa causa em que uma criatura como essa diz fazer parte também, se o mesmo pensa diferente? Se você também se faz essa pergunta, creio que vai concordar com as possíveis respostas que encontrei.
1. PRIORIZANDO O AQUI E AGORA
Dentro da perspectiva cristã somos confrontados todos os dias assim que acordamos acerca de não vários, mas todos os aspectos que a vida nos propõe. O ser humano em geral prioriza o aqui e agora. Frases como "viva o hoje, não se preocupe com o ontem e deixe que o amanhã Deus cuida" são regras cotidianas para os navegadores sociais de plantão. Os cristãos levam para as aulas de EBD tais conceitos pífios com o intuito de responder as questões bíblico-teológicas abordas pelos bons mestres. Os sermões agora estão sendo pregados com a Nova Bíblia Viva e até mesmo com a Bíblia A Mensagem. Pasmem, nobres leitores! Muitos estão utilizando a freestyle como regra de fé e prática. E porquê? Porque cita Corinthians e Palmeiras. Isso mesmo, uma "Bíblia" que fala do Timão e do Verdão.
A geração atual de crentes tem se tornado tão vulgar a ponto de se orgulharem de hashtags sem saber, na grande maioria, o que estão defendendo, de abrirem as Bíblias contemporâneas sem nem mesmo terem a noção de que a Lei foi revelada não em português, tampouco neste português que se ideologiza a cada ano afastando-se do Criador. É tão óbvio a mediocridade de muitos nos dias de hoje com as coisas de Deus que o passado, onde Deus cuidou, libertou, providenciou e enviou o seu Filho em nosso favor, nos alcança hoje em nosso presente nos garantindo o futuro na eternidade com Ele. Mas a geração de hoje prefere viver o seguinte: "na dúvida entre o certo e o errado, faço o que me faz feliz".
Se priorizamos o aqui e o agora, estamos adorando o pecado em nós, que foi passado, é presente, mas não será o futuro. O cristão de vergonha não vive mais por si, mas Cristo é quem vive nele, a razão de viver agora é Cristo, e embora não vivamos de forma espiritualista, mas convivendo dia a dia neste mundo e com as pessoas deste mundo, por mais que não sejamos melhores, entendemos perfeitamente que o nosso presente não se compara ao futuro que Deus tem para nós.
Não é possível colaborar, seja qual for a causa, se pensarmos diferente daquele que traçou as regras desta causa. Na Igreja do Senhor colaboramos de acordo a sua Lei, que lembra-nos do nosso passado, auxilia-nos em nosso presente, mas enaltece o nosso futuro Nele, por causa Dele.
2. PREFERINDO AS CONVENIÊNCIAS
Qualquer filme apocalíptico tem a clássica cena do protagonista invadindo uma conveniência a procura de suprimentos. Conveniência é algo bom porque nos oferece inúmeras possibilidades de escolha. Repare que mesmo assim tendemos a reclamar porque faltou algo, por mais desnecessário que seja. Num apocalipse zumbi ou algo do tipo a conveniência pode parecer o melhor lugar para abastecer as nossas mochilas, mas é impressionante como ninguém pensa que é lá onde o caos se instala no início, porque todo mundo vai pra lá.
Neste "novo normal" que já adotaram também para dentro das igrejas, a conveniência é uma "bênção". Pergunto-me se Davi compôs vários de seus salmos de adoração exclusiva a Deus enquanto escolhia o tipo de culto entre várias liturgias dispostas nas prateleiras das conveniências idólatras originadas nos corações humanos, ou se ele o fez enquanto estava sendo perseguido de morte, sabendo exatamente a quem recorrer.
É o que chamo de pragmatismo, apenas aquilo que convém: apenas os pontos de uma perícope bíblica que convenha, apenas a parte "boa" do Texto é o que importa, o interessante é quando a Bíblia diz "o Senhor é o meu pastor" ou "posso todas as coisas" ou ainda "o Senhor amou o mundo". Pior é quando criam frases e afirmam estar na Bíblia: "Deus ama o pecador, mas odeia o pecado", talvez seja uma das maiores (ou a maior) heresias. As pessoas não leem a Bíblia, não estudam, não se aprofundam e por isso não vivem conforme a Bíblia. Não é possível colaborar nesta causa pensando diferente do manual de regra e fé que lhe compete, a Bíblia.
3. SENDO HIPÓCRITA E COMPARTILHANDO HIPOCRISIA
Hipocrisia nunca foi uma novidade do século 21. Jesus chama os religiosos de sua época de hipócritas porque exigiam do povo o que eles mesmos não faziam. Acho irônico quando um pregador aponta erros na Igreja do Senhor e diz que naquela em especial onde está pregando não existe isso. A ironia é algo fantástico, uma ferramenta textual e dialética de suma importância. Atinge a consciência do ouvinte de forma incontestável. Jesus, entretanto, não foi nada irônico neste ponto, ele foi bem claro para os líderes da época: "Hipócritas!"
A hipocrisia está em muitas áreas da nossa vida, e em muitos momentos. Neste que vivemos agora é possível ser hipócrita fazendo uso do politicamente correto quando, por exemplo, abraçamos o vitimismo para dizer que não estamos indo aos cultos por causa da pandemia, mesmo que sejamos obrigados a enfrentar o transporte público lotado todos os dias. Que dó. É fácil ser hipócrita sendo um pastor que em todo culto apela ao povo que ofertem e dizimem porque Deus ordenou, mas que ele mesmo nem quitou as suas dívidas no Seminário. Não é difícil ser hipócrita quando estamos em nossas igrejas somente quando a escala nos obriga a isso, sobretudo nos dias de hoje. A hipocrisia é um veneno cuspido por serpentes enroladas num cabo de vassoura coberto por um vestido que transparece uma líder piedosa ou por um belo terno italiano que pareça exibir a solidez de um sacerdote do lar. Se não lançarmos o nosso coração para ser quebrantado pela graça do Eterno todos os dias das nossas vidas, seremos levados a idolatrar o pecado contido nele, porque, tal serpente nem sempre é Satanás, muitas vezes somos nós mesmos com a nossa natureza pútrida.
4. FAZENDO POUCO CASO DA BÍBLIA E SEU AUTOR
Todo erro cristão no sentido doutrinário está contido na prática humana de relativizar as Escrituras. Eu queria que fora do Seminário combatessem ferozmente como é feito lá, pelo menos é o que parece, a teologia liberal e progressista, mas a hipocrisia que soa com isso é, talvez, compreendida pelo fato de que a maioria que saiu de lá são liberais e progressistas. Se for este o caso, está explicado o motivo de termos tão grande dislexia bíblica em nossas igrejas. A sensação que tenho as vezes quando prego é de que a Bíblia não precisa ser tão explicada assim e que Deus não necessita de destaque.
Aprendi ainda no Seminário que antes das minhas palestras e aulas é necessário deixar bem claro que estarei defendendo pontos de vista segundo a Sã Doutrina e que se houver discordâncias, que sejam proferidas com a mesma base. Mesmo assim ainda sofro com alguns militantes que tentam se infiltrar no barro trabalhado pelo Oleiro. A cada dia que passa vejo se cumprir o que diz uma famosa frase: "chegará um dia em que teremos que explicar que a grama é verde". Acredito que esse dia não apenas chegou como também se ascendeu a necessidade de ter que explicar os tons do verde. Não existe nenhuma maneira de colaborar na causa do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo pensando como aqueles que fazem pouco ou nenhum caso das Escrituras e seu Autor. Que tempos! E que costumes! Vem, Senhor!
O Prolífico.
